Conhecem o “- Só sei que nada sei”, e este “Algo que só o presente mata...”?

Dizia o meu Pai, muitas vezes, que não queria ser poeta, que não tinha essa intenção, mas em boa verdade sempre senti algo forte quanto ás suas reais capacidades, acredito que a vida talvez nunca  lhe tenha dado o tempo e a tranquilidade que haveria de precisar para ser capaz de produzir ainda mais poemas. Por isso pergunto-me, será que alguém ou algum, um dia, terá nos genes, capacidades semelhantes? E que possam ser detectáveis  mais cedo, por forma a permitir um sucesso maior? Não sei, ou melhor, sei… que não tenho essas capacidades, embora goste de escrever, e de ler o que escrevo, sei que poucas são as minha hipóteses, como autor e poeta, talvez queira ou pretenda ser mais jornalista, ou relator do que me rodeia, e por isso vou continuar por aqui a contar algumas historias, e é isso que pretendo. 

Ontem, descobri que o meu filho Gonçalo, tinha um Blog, dizia ele “secreto”, eu diria, privado. Pedi-lhe acesso, e num ápice comecei a ler o que estava escondido, fiquei espantado com a qualidade do poema que li, é certo que eu sou Pai, e por isso sou suspeito, pois sou juiz em causa própria, mas gostava de fazer um voto ao meu filho, que escreva, que escreva muito e muito mais, que deite cá para fora, que se entusiasme, que se dedique, que estude, porque o mesmo sentimento forte que sentia em relação ao meu pai, de repente vi-o repetido no meu filho…

Depois de lhe pedir permissão, decidi publicar aqui o seu poema:

De “António Gonçalo”  02-12-2009

"Algo que só o presente mata..."

Eu já não sei se sei algo,
Eu já não sei se sei se tenho,
Eu já não sei se sei se vejo.
Ter tenho e não tenho, ver algo é que já não sei se vejo,
Ver algo no meu futuro, nesse algo que não sei se vou ter.
Assustado com algo que não sei se tenho,
Guardo para mim o segredo que mais ninguém vê, nem mesmo tu cretino.
Agora fico á mercê deste contínuo e repentino destino,
Que nem ele mesmo sabe se algo tem.
No fim deste passado tempo,
No fim deste tempo presente,
Acabamos amanhã com o futuro,
O dia depois do presente já o contemplo.
Agora já sei que sei algo,
Agora já sei que sei que tenho,
Agora já sei que sei que vejo.
Ter agora, já tenho, agora sei que vejo sempre
Tenho algo que só vou parar de ter
Até o meu presente o dizer...
Esse algo que se chama, Novo Dia.

Um lindo poema sem dúvida gonçalo,  e já agora que esse presente que mata, que nunca chegue!

Aparece filho este espaço também é teu, afinal tu és um verdadeiro “Macedo”.