Parabéns cunhado!
Quando me disseram que iria ser Padrinho do “Gualter” , senti o maior dos orgulhos…Eu padrinho? mas porquê eu ? perguntei eu mim próprio… naquela idade da parvalheira e do sem juízo… mas afinal o meu cunhado, gosta de mim, continuei eu, tamanha era a surpresa? Um afilhado com o meu nome? -Continuei pensando… O Zé era, e é assim mesmo, surpreendia, e surpreende em cada momento! Com ele nada é “certo”(no sentido da surpresa), mas tudo é ou tem de ser correcto, e honesto…
Ser padrinho para mim significou muito, eu naqueles meus 20 anos, confesso que andava um pouco perdido…E sê-lo naquela altura fez parte do meu processo de crescimento e amadurecimento, pois, na minha cabecinha, por causa disso, eu achava que teria que ter mais responsabilidade, eu sentia-me assim, foi algo natural, e que nem sequer reflecti, naquela altura, mas que indirectamente tornou-se em mais um ponto de partida para a minha fase adulta…
Um dia, tive o prazer, de trabalhar com o Zé Graça, na Caixa de Credito Agrícola da Povoa de Varzim, foi uma curta experiencia, apenas cerca de 1 mês, e ainda umas 2 semanas na cooperativa agrícola… Eu tinha talvez os meus 20 ou 21 anos, não me lembro bem, mas tenho a certeza que foi antes da tropa, poucos se lembrarão ou saberão disso. Confesso que nessa altura, foi muito importante para mim, não tanto pela experiência profissional, pois pouco mais que compensar cheques fiz como trabalho… mas por me colocar no mundo real do trabalho. Mas mais até pelo dinheiro…Pois nessa altura os tempos eram muito mais difíceis, pois ainda éramos muitos em casa…Certo é que até essa data fiz muito trabalho temporário, mas estar no banco naquela altura significava o sonho de qualquer um…Emprego estável, vida segura…No entanto, nada disso viria a acontecer, pelo menos nesse ano e na “Caixa”. Lembro-me na altura que quando percebi a verdadeira razão pelo qual não consegui ficar neste emprego (falta de habilitações) que isso significaria, ou haveria de significar, mais um ponto de partida, para aquilo a que eu chamei de necessidade de aprender mais, e mais, enfim de ser melhor, para ter melhor, para um dia conseguir um emprego melhor… ora isso veio a acontecer um pouco mais tarde através da Maconde, onde tive a oportunidade que desejava…Quis assim a vida que eu seguisse outro caminho, do qual não me arrependo, pois hoje acho que estou bem e naquilo que gosto. Fica portanto desta curta experiencia, que serviu de “Abanão”, quase um acordar para a realidade, a oportunidade que me foi dada, e de começar a ir atrás do tempo perdido.
Confesso que talvez não conheça tão bem o Zé como o meu Pai o conheceu, senti sempre por parte do Zé uma enorme amizade e carinho para com ele, algo sincero, que não era capaz de ver no Zé em relação a outros membros na família, não que ele não seja sincero em relação aos outros, mas o carinho, e a atenção que damos aos outros nem sempre é igual. E isso eu sentia do Zé para com o meu Pai… uma empatia entre ambos, pouco vulgar, bonita, e que ás vezes até dava ciúmes, tamanha era a adoração do meu Pai por ele… Ainda bem que o meu Pai consegui produzir estes poemas antes de morrer, pois eles são uma cópia do Zé, só que em verso…
Aqui ficam portanto estes poemas que o meu pai escreveu e que não só mostram o que é o Zé, bem como reforçam um pouco o que eu digo nesta mensagem.
Por António Macedo,
ZÉ GRAÇA
De condição e personalidade especiais,
Com destino, talvez, a outro mundo,
É um Ser que como ele não há iguais
E entre tais nem terceiro nem segundo!
Vê muito e pouco fala,
Não é surdo e ouve bem,
Se está torto não cala,
Mas não consegue dizer amén !
Competente senhor banqueiro,
Qualidade que lhe é comum,
Dos melhores será primeiro
E creio que como nenhum !
Este poema de ANTÓNIO MACEDO foi dedicado ao ZÉ GRAÇA, aquando do seu aniversário em 1998, e não foi editado em Livro.
Posto isto, e depois de versos tão sábios, pouco fica para dizer, no entanto eu ainda tenho mais algo, não esqueço também as “notinhas” ao fim de semana ( os 100 escudos primeiro, os 500 paus depois) nesse aspecto de todos ele e a Lisa, foram de longe os que mais me ajudaram, pelo menos nessa altura) e isso marca, marca para sempre, e por isso, hoje é tempo de dizer, obrigado cunhado, foste um anjo que me caiu do céu!
Mas porquê esta introdução toda, para dar os parabéns ao Zé? Sim para dar os parabéns ao Zé… Ele para alem de meu cunhado, e apesar de eu nunca lhe ter dito isto, e se calhar ele não ter feito algo pensando nisso como tal, ele foi de forma subtil responsável por eu ter lutado, ele foi a imagem que eu tive no seio da minha família, e naquele tempo, que guardei como exemplo de alguém que veio de um meio de dificuldades e que através das suas capacidades conseguiu conquistar a pulso um bom emprego, e essa imagem tão próximo de mim, a mim fez-me crescer e lutar, e acima de tudo acreditar que eu também o poderia conseguir…Assim e por isso ele me merece o meu maior respeito. No pouco tempo, que o conheci no seu local de trabalho, deu para perceber o quanto era respeitado pelos seu amigos, ora pela capacidade de liderança, ora pela sabedoria e profissionalismo. Percebi, que podia aprender com ele muito mais do que eventualmente talvez estaria preparado. Por isso cunhado, esta singela homenagem e os meus mais sinceros Parabéns, pelo que foste, pelo que és, e pelos teus “69-10”… “69-11”
Como diz o Toninho, “ Vê muito e pouco fala”…
Parabéns Zé!